Viúva de copiloto de avião que caiu em Vinhedo detalha luto, crise financeira e negativa da Voepass para pagar túmulo: 'Humilhante'

  • 28/03/2025
(Foto: Reprodução)
Rosana Maria Ferreira falou pela 1ª vez do pedido que fez à companhia aérea para que eles custeassem o término da sepultura de Humberto Alencar, ainda que não seja uma obrigação. Maior tragédia da aviação do Brasil em 17 anos, queda de aeronave deixou 62 mortes. Viúva de copiloto do avião da Voepass detalha luto e problemas financeiros Sete meses após a queda do avião da Voepass, a viúva do copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva quer terminar o túmulo do marido. Depois do acidente que deixou 62 mortes em Vinhedo (SP), Rosana Maria Ferreira e o filho Bernardo, de 11 anos, tentam se reerguer em meio a luto, dor, saudade e dificuldades financeiras que surgiram com a partida de Humberto e fizeram com que ele ainda não tenha um jazigo à altura do que a família queria dar. 📲 Participe do canal do g1 Campinas no WhatsApp Semanas antes da queda, Humberto de Campos Alencar desabafou com um colega sobre as condições das aeronaves da Voepass. Em mensagens reveladas com exclusividade pelo Fantástico, o profissional disse que a situação na aviação estava "complicada". Leia mais aqui. Em entrevista ao g1, Rosana falou pela primeira vez sobre o pedido que fez à Voepass para que a companhia aérea, ainda que não fosse uma obrigação legal, pagasse as despesas para terminar o túmulo do copiloto, o que não foi atendido. Humberto foi enterrado em Iporanga (SP), na região do Vale do Ribeira, e atualmente a sepultura tem apenas o buraco coberto com terra e uma cruz. Em nota, a empresa disse que "todas as obrigações estão sendo cumpridas". [veja abaixo na íntegra] Durante a conversa de 30 minutos por chamada de vídeo, a esposa de Humberto Alencar ainda detalhou o processo de luto e as transformações que passou junto com o filho para conduzir uma vida sem o "marido, confidente, melhor amigo", e pai, além de Bernardo, de três filhos de outro relacionamento. Assista no vídeo acima. Túmulo do copiloto do avião da Voepass que caiu em Vinhedo Arquivo pessoal Em readaptação da estrutura financeira - considerando que a renda familiar vinha apenas do piloto desde 2022 - ela precisou mudar de cidade: foi de Jandira (SP), na Grande São Paulo, para Peruíbe (SP), na Baixada Santista, porque considerou o custo de vida mais barato e para buscar uma rede de apoio, já que um dos irmãos de Humberto mora na cidade. Ela conseguiu com a Voepass o custeio do plano de saúde, por ser parente de funcionário, e também do atendimento psicológico, este uma realidade comum às famílias das 62 vítimas da maior tragédia da aviação brasileira em 17 anos. A companhia aérea teve, no dia 11 de março, as operações suspensas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por falta de segurança. Rosana Ferreira com o marido, Humberto Alencar, copiloto da Voepass que morreu em acidente aéreo Arquivo pessoal 'Me senti humilhada' O copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva morreu aos 61 anos na queda do avião da Voepass em Vinhedo, no dia 9 de agosto de 2024. A partir disso, Rosana passou a receber uma pensão por morte de R$ 2,9 mil para ela e o filho, além de dois seguros, um deles de vida, que precisou ser dividido entre todos os herdeiros. LEIA MAIS: Anac suspende operação aérea da Voepass a partir desta terça por falta de segurança PF vai pedir processo que suspendeu voos da Voepass para análise em inquérito criminal Pai e filha, médicas, casal de idosos, professores, jovem piloto: conheça as vítimas da queda do avião em Vinhedo Suspensão de voos da Voepass: o que acontece com quem já comprou passagem? Para se manter e pagar todas as despesas, ela conta com a pensão mensal e precisa ainda tira um valor que recebeu dos seguros para completar a renda. A mudança de cenário fez com que Rosana não conseguisse custear a finalização do túmulo e, com o respaldo da advogada, fizesse o pedido à Voepass. "Eu fiz o contato com a empresa, através da minha advogada, e nós tivemos duas negativas. Eles sugeriram que nós colocássemos esse valor de orçamento num futuro pedido de indenização. Eu me senti muito humilhada, porque o meu marido sempre foi um funcionário exemplar. Ele não merece ser tratado com tanto descaso. O Humberto nunca falou mal da empresa e nunca se negou a fazer nenhum voo", afirmou. O copiloto foi enterrado em Iporanga por conta de uma relação familiar. Ele gostava da cidade por ir desde criança com o pai e deixou o pedido a Rosana que gostaria de ser sepultado no município. Após a morte, a Câmara Municipal aprovou que uma estrada rural passasse a ter o nome dele. Humberto Alencar, ex-copiloto da Voepass Arquivo pessoal Rosana disse que um de seus enteados, que é arquiteto, fez o projeto para concluir o túmulo do pai e, segundo ela, o orçamento repassado à empresa aérea foi de R$ 7 a R$ 8 mil. Agora, com as negativas, a viúva começou a fazer um rateio entre ela, os filhos e o pai de Humberto para que a sepultura seja finalizada o quanto antes. No entanto, ela ainda não desistiu de conseguir com a Voepass. Chega a ser humilhante. Ele falava: quando eu morrer, você vai me enterrar lá em Iporanga? Mas não precisa fazer túmulo chique, não. Pode ser uma coisa simples, só para quando você chegar lá e me ver. E, assim, eu cumpri. O que a gente está fazendo é uma vaquinha entre os familiares. A gente está rateando esse orçamento para a gente fazer. Porque daqui a pouco já vai fazer um ano que o Humberto faleceu e ele ainda não tem um túmulo, mas não é justo que nós paguemos. Eu vou correr atrás para a empresa pagar. Nós vamos tentar. O que diz o Código Civil? A lei 948 do Código Civil Brasileiro regula indenizações por danos patrimoniais causados por homicídio ou acidentes de trabalho. Entretanto, não há especificações sobre o custeio do túmulo. Independentemente do texto da lei, Rosana afirmou que fez o pedido à empresa para uma "consideração da companhia com o funcionário". 'É muito dolorido falar do luto' A partida de Humberto deixou em Rosana um enorme buraco. O luto e a tristeza ainda se fazem muito presentes, tanto para ela quanto para o filho, o que tornou os meses seguintes à queda do avião difíceis para a família. "Falar do luto é dolorido, porque não diminui a dor. E eu ainda não sei conviver com a ausência do Humberto. Eu sinto o cheiro do meu marido, às vezes eu sinto a presença do meu marido. O Bernardo mal fala do assunto, porque é algo que machuca muito. A gente faz terapia. Só eu sei o quanto o meu filho está sofrendo a ausência do pai", afirma. "A gente sempre reza muito, então, todas as vezes que a gente vai à missa o Bernardo chora, porque é onde ele sente mais a presença do pai. Ele fala assim: mamãe, eu olho para o lado e o meu pai não está ali. E eu ainda tenho que tirar forças para poder lidar com o meu luto, com o luto do meu filho, e ainda passar por todas essas chateações financeiras", completou. Família do copiloto da Voepass, Humberto Alencar Arquivo pessoal A mudança de cidade, apesar de ter provocado um acolhimento, considerando que Bernardo é muito apegado aos primos que moram em Peruíbe, também dificultou o processo do luto porque o garoto, além de ter perdido o pai, deixou a escola que sempre estudou e o ciclo de amigos. Mesmo com as dificuldades financeiras, ela manteve o pagamento de uma instituição particular. "Não tem a mínima condição de ficar sem fazer terapia, porque foi uma mudança radical em nossas vidas. Da manhã para a tarde, eu fiquei sem o meu marido, eu fiquei sem o meu melhor amigo, meu confidente, provedor da minha casa, o pai do meu filho. Aí eu tive que sair da nossa casa, sair do colégio que ele estava já há mais de cinco anos. Saímos do local onde ele nasceu e viveu por 11 anos", revelou Rosana, que chegou a se formar comissária para ficar perto do marido, mas deixou a profissão depois que o filho nasceu. À espera das indenizações, em contato com a Polícia Federal e a Força Aérea Brasileira (FAB), que investigam o acidente aéreo, e na luta para superar a perda do marido, Rosana segue em frente com a esperança de que o tempo cicatrize um pouco as dores. "Tem uma frase que eu sempre falo, que eu vou ter que tatuar em mim: Deus dá o que a gente precisa e não o que a gente quer", disse. Rosana Maria Ferreira, viúva de copiloto da Voepass Arquivo pessoal O que diz a Voepass Em nota, a empresa disse que todas as obrigações estão sendo cumpridas e está em prioridade para assistir e acompanhar as famílias das vítimas. Veja na íntegra: "A VOEPASS Linhas Aéreas informa que todas as obrigações legais estão sendo cumpridas e que sempre esteve e está em sua prioridade assistir, acompanhar e apoiar da melhor forma possível as famílias desde o acidente. A companhia reforça que segue prestando suporte, incluindo o apoio psicológico que é tratado diretamente com cada família." Áudio resgatado de celular Mensagens obtidas com exclusividade pelo Fantástico revelaram textos e áudios que estavam no celular de Humberto e foram recuperados com ajuda de Rosana. De acordo com as informações, semanas antes da queda, ele desabafou com um colega. "Essa aviação está complicada, meu caro, com esses aviões fadigados. Não adianta, rapaz, não adianta. Tem que rezar para esse pessoal fazer o possível, né? Para modernizar essa frota. Porque é complicado, né, meu irmão?", afirmou Humberto em uma mensagem de áudio. Na ocasião, a Voepass disse que a reutilização dos componentes entre aviões é legal quando há certificação e rastreabilidade adequadas. Avião que caiu em Vinhedo Reprodução/TV Globo Operações suspensas Desde o acidente, foi implantada uma operação para fiscalizar as instalações da empresa. Segundo a Anac, a Voepass não conseguiu "solucionar irregularidades identificadas". Além disso, não foram atendidas exigências como a redução da malha aérea e aumento do tempo das aeronaves no solo para manutenção. A agência afirmou ainda que irregularidades que já haviam sido consideradas sanadas voltaram a ocorrer. A empresa informou, à época da suspensão, que a "sua frota em operação é aeronavegável e apta a realizar voos seguindo as rigorosas exigências de padrões de segurança". A Voepass disse ainda que "iniciou as tratativas internas para demonstrar, conforme solicitado, sua capacidade de garantir os níveis de segurança exigidos pela agência reguladora". Destroços de avião em Vinhedo Miguel Schincariol/AFP Cronologia da queda O relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), divulgado no dia 6 de setembro do ano passado, trouxe informações relevantes sobre o acidente em Vinhedo. Uma dessas informações foi de que a tripulação relatou uma falha no sistema antigelo. O relatório, contudo, não conseguiu confirmar, com base nos dados da caixa-preta, se isso de fato aconteceu e impactou o desempenho da aeronave. Pilotos ligados à companhia também relataram viagens exaustivas, condições precárias e ligações da empresa durante folga. Após o acidente, passageiros também compartilharam nas redes sociais experiências ruins envolvendo a companhia. Exclusivo: mensagens extraídas do celular do copiloto expõem problemas na Voepass Veja, abaixo, a cronologia da queda: O ATR 72-500 decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20. O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar. Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca. De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas. Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros. A velocidade desta queda foi de 440 km/h. O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o “Salvaero” foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio. Como era o avião que caiu em Vinhedo Arte g1 VÍDEOS: saiba tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias da região no g1 Campinas

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2025/03/28/viuva-de-copiloto-de-aviao-que-caiu-em-vinhedo-detalha-luto-crise-financeira-e-negativa-da-voepass-para-pagar-tumulo-humilhante.ghtml


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